Lisboa maculada! "Poema)

Publié le par Rosario Duarte da Costa

Lisboa com vista sobre o Tejo


Auteur des Photos: José Luis Elvas www.olhares.com










Padrão dos Descobrimentos - Lisboa



Lisboa

 

 

Era o tempo

Era o tempo em que a cidade

se enrolava em lençóis maculados

descendo lentamente

vendo o deslizar das águas do Tejo para o mar de Palha,

com o voo das gaivotas cantando ao vento,

num grande contentamento...

 

Apareciam então ali, os barcos

atravessando entre as duas margens

carregados de gente apressada

que se esvaíam nela-como moscas.

Era o tempo dos naufrágios- do santa Maria...

e, a lua fugia secretamente das noites

melancólicas e tristes.

Só o carro eléctrico divagava lentamente

por entre as ladeiras da cidade,

onde o porto nada mais era do que uma decepção

para aqueles que amavam Lisboa,

desde o Restelo, ao Castelo e,
                                   à Madragoa.

 

Ouvia-se o Fado da amargura nas ruelas

onde os despojos humanos fecundaram

sem que alguém os impedisse de crescer.

A felicidade escondia-se na noite, com o bafo

das palavras ditas, caladas, omitidas, apagadas,

rasgadas...

entre as ruas, nos bares abertos entre álcol

e escutas

onde se viam prostitutas tocando viola

aos marinheiros estrangeiros.

Lisboa, a grande ideia numa ideia vaga

onde o mundo crescia ou se apagava

no meio de vendedores de bananas

e de alcagóitas,

ensarilhados alguns engraixavam botas!

Lisboa, explêndida Lisboa imaculada

que se apagou maculada, nos detritos de então

e, que até hoje ninguém lhe pediu perdão!

 

Rosario Duarte da Costa

Copyright

10/02/2008
















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