Era amarela a casa...(Poema)
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Era amarela a casa
era amarela a casa
na terra ocre. habitada de silêncio
e de solidão. e o céu descia os poiais
- ali-, até ao chão.
e haviam albas, crescendo das noites;
uns esquissos antigos,
postos diante dos nossos postigos.
não era um asilo, não. era a casa,
baixa e amarela. como uma valsa lenta
derramada, em cada janela.
havia, o céu azulado à proa
com o riso da noite escondido.
como a côr do medo
ou, a côr do teu vestido,
nos dias de morte.
as luzes das candeias
para além dos muros.
como, uma breve alegria
numa última estação.
às vezes, a lua vinha
caír-nos nos dedos. e, o teu imaginário
desvendava-te mil segredos.
ao longe, o horizonte acendia
o fogo da esperança. e tu sonhavas
com outras esferas, o fim das guerras.
ouvias, um grande mar murmurando
que depois da tempestade,
renasceria nova força e, outra vontade.
e, ali ficás-te sentado na cadeira,
relendo a memória no relógio do dia,
ao centro da casa amarela...
Rosario Duarte da Costa
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05/12/2011