Ali no Soito! Là à Soito!

Publié le par Rosario Duarte da Costa

Chão d'Égua (Piódão) -Arganil-Portugal

Auteur de ces deux Photos: Amarilis Lopes "olhares.com

 

Chão d'Égua (Piódão) - Arganil-Portugal

 

 

Ali no Soito!

 

Já lá vão algumas décadas, aquele tempo em que eu índo a Portugal

me desterrava, numa terrinha que me era estrangeira. Era ali no Soito

(já uma montanhazita) onde uma dúzia de casas empredradas

levantadas da terra, olhávam as colinas verdejantes sob um céu azul!

Em baixo o rio onde por vezes, nos ía-mos banhar...

Os meus sogros tinham lá uma casa da família de primeiro andar com terrasso e, eu podia dominar dali a serra e o céu, sem que ninguém me fôsse apoquentar. Era!

Poderei dizer-vos que, sentía-me feliz. Uma felicidade provocada pelo meu encontro com a terra e as gentes, que eu não conheçia e que,

portanto, ao longo das horas me abríam os braços!

Não  sei porque é que hoje me deu para retornar sobre o passado.

Talvez seja a situação política, económica e finançeira do país...

 

Veio-me à ideia de uma das vezes em que cheguei ali, as montanhas tinham sido queimadas. Fiquei muito triste, -árvores ardidas, flores queimadas, animais desaparecidos e o rio chorando sem um só peixe

e  as águas nojentas, perguntando logo a toda a gente, como é que

aquilo tinha acontecido. E, todas me respondiam: foram os comunistas!

Fiquei indignada, porque o partido comunista não podía-quanto a

mim-, ter tido aquela atitude destrutiva. Ao longo dos dias eu

pensando e repensando nesta históriazita, acabei por saber que os

fogos postos através de helicópteros, não eram mais do que ideias de gente direitista e ricássa!

Acabei por me dizer, que em qualquer país e, em qualquer momento,

se encontram seres destabilizadores que prejudicam as populações!

 

Voltando à gente do Soito, havia muita miséria. Acabei por encontrar pessoas doentes que, acabei por tratar com os medicamentos que

levava para os meus filhos, produtos alimentares inclusivamente

iogurtes e outros manjares!

Houve mesmo um caso de uma criançinha lisboeta que estava de

férias em casa da avó, que tinha a pele amarelada e uma febre

excessiva. Acabámos por saber, que o aspecto ictére era devido às

comidas à base de carnes salgadiças e de alimentos primários.

Tivémos uma vez mais que levar a criança ao hospital de Arganil,

onde ela foi tratada!

Depois de ter feito uma ação de enfermeira, assistante social,

tradutora, tudo gratuitamente, acabava de receber à porta: batatas, queijos e mel de uma qualidade extraordinária (este último trazido

para França) que era excelentíssimo!

Isto só para dizer, que a solidariedade humana era importante.

Ali não existia nada a não ser uma taberna que vendia “penicos”-desculpem o meu mau falar), alguns congelados, mercearias básicas, baldes, vassouras e, bebidas. Era ali que eu descobria aqueles

velhinhos que tinham participado na primeira guerra mundial,

tendo conheçido o avô do meu marido que faleceu novo! Com eles,

eu até bebia uma ginginha, daquelas que ainda eram boas naquele tempo!

E, com eles eu aprendia muitas coisas!

 

A família vendeu a casa há muito. As pessoas provàvelmente

morreram. Desde aí, o mundo evoluíu e,os comportamentos

mudaram. Porém, eu que era inhabituada àquele estilo de vida,

adaptei-me fàcilmente...As pessoas que me eram estranhas,

tornáram-se próximas. O amor, substituíu a ignorância!

Então hoje aqui em Lyon, veio-me à ideia aquela imagem do Soito.

Talvez porque Portugal se derrame em lágrimas nos próximos dias

e que, ninguém o socorra!

Será possível que, as bichas plenas de gentinha faminta não

comovam os outros cujas mesas estão plenas?!

Será possível ver a juventude a estudar e, acabar nos cantos da rua

à espera que uma estrela o traga nos braços?!

Será possível um pai, uma mãe, ver o filhinho que chora e nada ter

para o alimentar?!

Não pode ser possível!

 

Então,

Exmo Senhor Presidente da República Portuguesa,

Exmos Senhores: Primeiro, Senhores e Ministros/as, Secretários de Estado...

 Senhores Directores do Banco de Portugal e de toda a Banca portuguesa

E  também:

Senhores Empresários dos grandes grupos nacionais e internacionais...

 

É tempo de inscrever um outro modelo económico e financeiro, de não

lesar o povo e, em particular o mais desfavorecido.

Que um Deus antigo ou moderno, me oiça!

Rosario Duarte da Costa

Copyright

25/11/2010

 

Cepos Arganil

Auteur: João Oliveira "olhares.com

 

 

 

 

 

 

Publié dans Comptines! Lendas

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