Olha a Esperança...Regarde l'Espérance...
A esperança não é um prato
que se serve quente
numa noite de inverno...
E não é mesmo
o querer...
Porque nem o desejo
a fará nascer,
essa Esperança....
Esperas sempre
numa noite de inverno
ou num dia de verão,
porque esperar é mais largo
do que o teu desejo
aqui nesta cidade e,
em todo o mundo!
Nem te importes
de nada te serve rezares
Porque hoje,Deus não te ouve
E talvez não te escute mais.
Ele está perplexo
contigo, comigo,
com todo este povo
vestido de celofanes
que passa, indiferente,
diante da miséria
aqui, nestas ruas da cidade.
Neste tempo de crise
o Deus a quem rezas
recusa-te,
porque tu também és
actor da tua propria crise...
Negás-te a terra,
e viés-te enterrar-te aqui
nestas gavetas sobrepostas,
para espiares o mundo,
escondendo a tua face
atràs das nuvens.
Como os pides se encondiam
nas costas das esquinas
naquelas noites
terríveis!.
E,
quando chega a noite
saiem as feridas de passeio
do seio do teu corpo.
Mas,
tu cálas-te
e, nada dizes
buscado a esperança
no labirinto da alba,
ainda por nascer...
Diante de ti,
há um mar dissolvido
no teu pensamento...
E um mar liberto
da memória do tempo,
que te bate à porta
E, as vagas saltitam
De contentamento...
Esvazias o saco
da tua memória.
E um grito já antigo
sentado na história!
Uma lágrima cai
Do teu olho castanho...
Deus não te ouve,
e,a esperança não vem.
A tua pele rugosa
É o teu único bem!
Aí está a cidade
Mas tu não a vês...
Do alto da gaveta
Cegaram-te os olhos.
E o coração murchou...
Só te fica a espera
de uma outra esperança,
porque aquela que tinhas
ela já voou!
Rosario Duarte da Costa
02/02/2009
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