Geração à rasca foi a minha! Carta recebida de Portugal...Resposta!

Publié le par Rosario Duarte da Costa

ups

  Auteure des images: Rita"olhares.com"

adidas

 

Por intermédio do meu amigo espanhol, chegou-me às

mãos esta carta, de uma pessoa que viveu a sua juventude (como eu), antes do 25 de Abril em Portugal.

Decidi introduzi-la no meu blogue, para contrabalançar o

que é dito através de todos os jornáis, acerca da dita Geração

à rasca!

Efectivamente, em todos os períodos da história há gerações

que, por uma ou outra razão se podem encontrar à rasca.

Antes do 25 de Abril, foram o fascismo, as más condições da

vida a falta das necessidades essenciais descritas na Pirâmide

de Maslow, que nos meteram à rasca. Foi tudo isso que

provocou a exportação da carne lusitana para outros mundos.

Foi tudo isso que matou a nossa juventude, como se mátam

 carneiros!

 

Hoje os tempos mudáram. A juventude não sofre do que os

outros sofrêram. Ela sofre, porque vive numa sociedade da

imagem onde se afirma pelo que parece e, não pelo que ela é.

Ela sofre, porque lhe déram estudos e, não encontra trabalho.

Um País de doutores, que não dá trabalho aos que acabáram

os cursos. Falta de reconhecimento, falta de trabalho e carência

para encontrar uma vida independente!

Por isso, contràriamente à Jovem de 62 anos que escreveu a

carta, a juventude de hoje, paga as falhas de um sistema que

confundiu "enfant-roi" e "criança feita rei". A primeira, é dar

à criança todos os meios de desenvolvimento físico, material,

psíquico, educativo e moral. A segunda sendo de deixar a

criança tornar-se um ser possessivo, num mundo farto, tendo

exigências extrêmas para com todos ela está relacionada. E, é

por isso que, hoje, as gerações à rasca estão artilhadas com

todo o material da ùltima geração. E, é por isso que hoje, no

seio dela se encontram alguns que não hesitam em matar o

pai, a mãe, a avó, para obter dinheiro fresco!

E nisto, somos todos culpadíssimos. Porque, não estivémos

à altura da educação que démos!

 

Rosario Duarte dáa Costa

 

 

Copyright

19/07/2011

  

 

 

 

 

Da autoria duma jovem  de 62 anos:

«Geração à rasca foi a minha. Foi uma geração que viveu num país vazio
de gente por causa da emigração e da guerra colonial, onde era
proibido ser diferente ou pensar que todos deveriam ter acesso à
saúde, ao ensino e à segurança social.

Uma Geração de opiniões censuradas a lápis azul. De mulheres com
poucos direitos, mas de homens cheios deles. De grávidas sem
assistência e de crianças analfabetas. A mortalidade infantil era de
44,9%. Hoje é de 3,6%.

Que viveu numa terra em que o casamento era para toda a vida, o
divórcio proibido, as uniões de facto eram pecado e filhos sem casar
uma desonra.
Hoje, o conceito de família mudou. Há casados, recasados, em união de
facto, casais homossexuais, monoparentais, sem filhos por opção, mães
solteiras porque sim, pais biológicos, etc.

A mulher era, perante a lei, inferior. A sociedade subjugava-a ao
marido, o chefe de família, que tinha o direito de não autorizar a sua
saída do país e que podia, sem permissão, ler-lhe a correspondência.

Os televisores daquele tempo eram a preto e branco, uns autênticos
caixotes, em que se colocava um filtro colorido, no sentido de obter
melhores imagens, mas apenas se conseguia transformar os locutores em
"Zombies" desfocados.

Hoje, existem plasmas, LCD ou Tv com LEDs, que custam uma pipa de massa.

Na rádio ouviam-se apenas 3 estações,  a oficial Emissora Nacional, a
católica Rádio Renascença e o inovador Rádio Clube Português. Não
tínhamos os Gato Fedorento, só ouvíamos Os Parodiantes de Lisboa, os
humoristas da época.

Havia serões para trabalhadores todos os sábados, na Emissora
Nacional, agora há o Toni Carreira e o filho que enchem pavilhões
quase todos os meses. A Lady Gaga vem cantar a Portugal e o Pavilhão
Atlântico fica a abarrotar. Os U2, deram um concerto em Coimbra em
2010, e UM ANO antes os bilhetes esgotaram.

As Docas eram para estivadores, e o Cais do Sodré para marujos. Hoje
são para o JET 7, que consome diariamente grandes quantidades de
bebidas, e não só...

O Bairro Alto, era para a malta ir às meninas, e para os boémios.
Éramos a geração das tascas, do vinho tinto, das casas do fado e das
boites de fama duvidosa. Discotecas eram lojas que vendiam discos,
como a Valentim de Carvalho, a Vadeca ou a Sasseti.

As Redes Sociais chamavam-se Aerogramas, cartas que na nossa juventude
enviávamos lá da guerra aos pais, noivas, namoradas, madrinhas de
guerra, ou amigos que estavam por cá.

Agora vivem na Internet, da socialização do Facebook, de SMS e E-Mails
cheios de "k" e vazios de conteúdo.

As viagens Low-Cost na nossa Geração eram feitas em Fiat 600, ou então
nas viagens para as antigas colónias para combater o "inimigo".

Quem não se lembra dos celebres Niassa, do Timor, do Quanza, do Índia
entre outros, tenebrosos navios em que, quando embarcávamos, só
tínhamos uma certeza... ...a viagem de ida.

Quer a viagem fosse para Angola, Moçambique ou Guiné, esses eram os
nossos cruzeiros.
Ginásios? Só nas coletividades. Os SPAS chamavam-se Termas e só serviam doentes.

Coca-Cola e Pepsi, eram proibidas, o "Botas", como era conhecido o
Salazar, não nos deixava beber esses líquidos. Bebíamos, laranjada,
gasosa e pirolito.

Recordo que na minha geração o País, tal como as fotografias, era a
preto e branco.

A minha geração sim, viveu à rasca. Quantas vezes o meu almoço era uma
peça de fruta (quando havia), e a sopa que davam na escola. E, ao
jantar, uma lata de conserva com umas batatas cozidas, dava para 5
pessoas.

Na escola, quando terminei o 7ºano do Liceu, recebi um beijo dos meus
pais, o que me agradou imenso, pois não tinham mais nada para me dar.
Hoje vão comemorar os fins dos cursos, para fora do país, em grupos
organizados, para comemorar, tudo pago pelos paizinhos..

Têm brutos carros, Ipad's, Iphones, PC's, .... E tudo em quantidade.
Pago pela geração que hoje tem a culpa de tudo!!!

Tiram cursos só para ter diploma.  Só querem trabalhar começando por cima.

Afinal qual é a geração à rasca...???

Publié dans Dialogues

Pour être informé des derniers articles, inscrivez vous :
Commenter cet article